sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Porque Kehpra?



Kehpra é o nome egípcio para Escaravelho.
O escaravelho é conhecido principalmente como símbolo cíclico do Sol e, ao mesmo tempo, da ressureição.
Na pintura egípcia, o escaravelho:


* ou traz a bola enorme do sol entre as patas - assim como o deus solar volta das sombras da noite, supõe-se que o escaravelho renasça da própria decomposição;
* ou faz rolar uma bola de fogo na qual depositou o seu sêmen.


O escaravelho é, portanto, a imagem do Sol que renasce de si mesmo: Deus que retorna…

Antropomorficamente, é conhecido como o Deus Khépri, ou Khepra, o Sol Nascente. Para representá-lo, o escaravelho ganhava asas de falcão abertas. Na escrita egípcia, a figura do escaravelho com as patas estendidas corresponde ao verbo kheper, que significa algo como: vir à existência tomando uma determinada forma.

Era também usado sob a forma de amuleto, e invocado segundo uma fórmula do Livro dos Direitos: “o deus que está no meu coração, meu criador que me sustenta os membros…”
Na cena da psicostasia o coração do falecido era a testemunha moral do defunto, o julgamento de sua consciência. Cabia ao acusado harmonizar-se com a parte de si mesmo que podia decidir a sua salvação ou a sua condenação. Por isso, colocava-se sobre o coração do defunto um escaravelho para impedi-lo [o coração] de testemunhar contra o morto.

O coração é a consciência; dirige e censura o homem; é um ser independente, de uma essência superior, que reside no corpo. Como se pode ler sobre um caixão num museu de Viena: o coração do homem é o seu próprio Deus [POSENER G, Dicionário da Civilização Egípcia, pg. 259-260]

O simbolismo vem também do comportamento do escaravelho-bola ou pilular, que se enrola como uma bola - representação do Ovo do mundo, de onde nasce a vida, a manifestação organizada. Assim, considerava-se que o escaravelho gerava a si mesmo, através da bola de estrume que rolava e onde o embrião de um novo escaravelho se desenvolvia

A mesma interpretação é conhecida na China: O escaravelho vira uma bola - diz o Tratado da Flor de Ouro -, na bola nasce a vida, fruto do seu esforço indiviso de concentração.

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